PR aperta a corda


A presidente Dilma Rousseff poderá experimentar, hoje, a primeira carga da cavalaria pesada de um partido político, o PR, que agenda um discurso do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, para oficializar a discordância da legenda com o governo e o seu afastamento da base aliada. Nascimento, após deixar o ministério, “a convite”, disse, em discurso no Senado, que ele não é “lixo” e que “o PR também não é lixo”. O discurso será no Senado.
Existe um estado de conflagração instalado na base aliada. Esta semana pode ser determinante para uma definição. A presidente está usando dois pesos e duas medidas nas decisões para punir os partidos da sua estranha coalizão, que se apóia em desvios éticos e de recursos públicos. O PR, que detinha um feudo fechado e intocável no Ministério dos Transportes, foi vassourado. Gemeu com 27 demissões. Todas aplaudidas na medida em que o MT se revelou, supostamente, uma confraria da gatunagem. Já em relação ao PMDB o caso é diferente.
Em conversa aconselhadora, Lula ensinou a Dilma que não deve esticar a corda nem “atiçar o PMDB”. A presidente se agir de forma desencontradas e admitir o direito de o PMDB usar e abusar da República, ficará mal. As revistas de fim de semana, especialmente a Veja, voltaram a carga contra o ministro de Agricultura, Wagner Rossi que é capa da Veja com o rótulo de “praga da corrupção”. Sua situação passa a ser delicada. Contra Wagner a publicação revela uma série desmandos que o tornou rico ao longo da sua carreira política, com ênfase para os acontecimentos no Ministério da Agricultura. O partido está blindado, de acordo com os ensinamentos de Lula, enquanto a situação no Congresso é efervescente.
Dilma fica na obrigação de dar curso ao processo de limpeza por ela iniciado. Há, veladamente, ameaças de partidos sobre a inviabilidade do seu governo. Trata-se de uma cantilena antiga para tirar proveitos do tesouro com ameaças envolvendo a governabilidade. Fatos como esse, aliás, não são anormais em outras democracias, muito mais sedimentadas, como ora acontece com Barack Obama, que paga prenda ao Partido Republicano. Dos conflitos entre este partido e o Democrata, o mundo passou a experimentar mais uma crise econômica que irrompe nos Estados Unidos e poderá atingir o Brasil.
Assim posto, além de uma crise envolvendo corrupção, espraia-se em Brasília um jogo de chantagem, de ameaça para que o governo ceda aos interesses dos partidos políticos, facilitando a tunga nas arcas públicas. Se, no discurso agendado para hoje, Alfredo Nascimento de fato anunciar o afastamento da base aliada para tomar outro caminho, poderá ser o da independência. Nesse caso, fica livre para negociar com o governo num jogo também de chantagem. Será difícil, porque não é da sua genética, ir para a oposição. A situação do Palácio do Planalto está complicada.
Num exemplo, a oposição poderá contar, eventualmente, com os votos do PR no Senado para instalar uma CPI contra a corrupção, o que seria risível. Ou ser um aliado eventual para a tomada de outras medidas de confronto. De qualquer sorte, Dilma Rousseff perderia, ou perderá, a sua situação confortável no Congresso. Se mantiver a blindagem ao PMDB protegendo Wagner Rossi, ficará muito mal com a opinião pública por demonstrar que não tem pulso nem é a governante que merece respaldo popular para consertar as mazelas republicanas.
Pelo contrário, passará à condição de “pau mandado”, perdendo muito da sua autoridade que, não raras vezes, é imposta por tratamento inadequado, e nada elegante, a ministros, auxiliares e políticos. Esse temperamento da presidente já era do conhecimento quando estava candidata e em plena campanha sustentada por Lula. Não são poucos os nomes de figuras publicas que foram destratadas por Rousseff.
Da Bahia, podem-se relacionar dois: um, o atual presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, que, por continuar no cargo, não tem o menor interesse em confirmar o seu desencontro verbal com ela, quando a presidente era chefe da Casa Civil. Outro foi o correto e elegante ex-deputado Sérgio Gaudenzi, no primeiro governo Lula. Gaudenzi confirma o episódio. Ele integra os quadros do PSB.    
A forma rude de a presidente se relacionar é contada em prosas e versos em Brasília. Enfim, estamos numa semana que determinará, em parte, o que será o seu governo e que forma de relacionamento se instalará na Praça dos Três Poderes entre o Executivo e o Legislativo. A pressão contra ela é imensa. Se ceder à corrupção ficará mal. Se mantiver o PMDB blindado, cairá ajoelhada. De resto, seus interlocutores com o Congresso são fracos, inclusive a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
O que na realidade se trama na Câmara e no Senado é deixar a presidente isolada no Palácio do Planalto. Enquanto isso, o vice-presidente e chefe do PMDB, Michel Temer, que um político baiano denominou certa vez de “mordomo de casa do terror”, está em silêncio. Observa tudo e sabe que ele poderá ser a tábua de salvação de Dilma.
Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde desta terça-feira (16)

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