Única localidade da região que não se tornou independente com o plebiscito de novembro de 1991 sente os reflexos de ainda depender de Santa Cruz
Há 20 anos, o distrito era um dos mais preparados da região para assumir a condição de município, já que oferecia os serviços básicos à população. Hoje, a comunidade sente os reflexos do lento progresso de uma localidade do interior.
Dos seis distritos do Vale do Rio Pardo que buscavam a emancipação no dia 10 de novembro de 1991, somente Monte Alverne não obteve sucesso. Apenas 25% dos 4,5 mil eleitores votaram pelo Sim, para que o distrito se tornasse independente de Santa Cruz do Sul. Os emancipacionistas dizem que a vitória do Não (71%) ocorreu por influência do prefeito de Santa Cruz na época, Arno Frantz, que era contra o movimento.
Há duas décadas, a comissão emancipacionista era presidida por Augusto Agenor Trevisan. Um novo grupo foi formado em 2001, dessa vez sob a liderança do vereador Alceu Crestani (PSDB). “Depois de 20 anos, vemos o quanto os outros municípios se desenvolveram e o quanto perdemos. Nenhum gostaria de voltar a ser distrito”, avalia Crestani. Para ele, Monte Alverne – o terceiro distrito de Santa Cruz do Sul – e região saíram perdendo com a vitória do Não. Se a emancipação tivesse se concretizado, Crestani aposta que a população teria mais qualidade de vida e estaria mais próxima da administração para fiscalizar as ações do poder público.
O atual vice-presidente da comissão emancipacionista, o comerciante Delsio Meyer, lembra que se fosse comparar os investimentos feitos pela Prefeitura de Santa Cruz no distrito, o valor anual não chegaria a 10% do que equivaleria ao orçamento anual de um município do porte de Monte Alverne. Em Vale do Sol e Sinimbu, por exemplo, os orçamentos variam entre R$ 18 e 20 milhões. Em 1991, a extensão territorial prevista no mapa do distrito santa-cruzense era de 250 quilômetros quadrados. No entanto, a atual área prevista para o mapa para o processo de emancipação – já credenciado no Estado – é de apenas 100 quilômetros quadrados. A diminuição ocorreu devido à saída de algumas localidades, como Alto Paredão, que cogitam a própria independência.
Celular ainda é utopia
A comunicação via telefone é limitada em Monte Alverne, onde só os aparelhos fixos funcionam. A comodidade do celular ainda não chegou por lá, pois não há sinal de telefonia móvel. Conforme os integrantes da comissão emancipacionista, existe uma regulamentação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que determina que 80% da cobertura de uma empresa precisa ser na área urbana do município. Como Monte Alverne é distrito de Santa Cruz do Sul, a situação se complica ainda mais.
