Moradores da zona rural buscam serviços no Piauí por ter estrada que apresenta melhor pavimentação.
Igreja matriz do Município, onde as lideranças acompanham mais de perto a questão do litígio |
Cearenses ou piauienses? Esta indagação inquieta moradores deste Município de pouco mais de 12 mil habitantes, distante 347km de Fortaleza, localizado na divisa do Ceará com o Piauí. Mesmo assim, a vida corre tranquila, com a população realizando seus afazeres cotidianos, sem envolvimento com a divergência entre os dois Estados. É o Município do Ceará que mais perde território na disputa: cerca de 70%.
Poucos têm conhecimento de que o Estado do Piauí impetrou uma ação civil ordinária no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o Ceará. O silêncio, a incredulidade e a inércia predominam no Município. Não dá para precisar se é desconhecimento, falta de interesse ou acomodação. Não parece que se a situação for concretizada, mudará a vida das pessoas, a partir da naturalidade. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Município (STTR), Raimunda Alves, é uma das pessoas que acompanha o desenrolar do assunto na imprensa e demonstra preocupação. "O Município já é pequeno e, se o Piauí ganhar, perderemos a maioria do nosso território, inclusive o Distrito de Cachoeira Grande, que é um dos maiores do Município. Ficaremos muito pequenos e estou preocupada porque não vejo uma mobilização nenhuma por parte das autoridades municipais. A população está calada, quase não se fala neste assunto na cidade e as autoridades tem que se manifestar", cobra.
Segundo ela, naquele distrito, localizado nos limites da divisa entre os dois Estados, composto pelas localidades de Cachoeira Grande, que é a sede, Arraial, Pitombeira e Saudoso, os trabalhadores utilizam os serviços bancários no Município piauiense de Pedro II, devido à estrada ser asfaltada. Já o acesso para Poranga é deficiente, com estrada ainda carroçal, embora recuperada recentemente.
De acordo com Raimunda Alves, os trabalhadores daquela região comentam sobre o litígio, quando são provocados e, caso haja plebiscito, a maioria optará pelo Ceará.
"Nas reuniões do Sindicato comentamos por vezes esse assunto e eles preferem continuar pertencendo ao Ceará, porque é um Estado mais desenvolvido e há mais facilidade de obtenção de projetos. Eles ficam preocupados com a possibilidade de pertencer ao Piauí por conta disso. Até pouco tempo, a condição da estrada era o único fator desanimador", comenta.
Já no âmbito religioso, o silêncio sobre a questão também impera. Segundo o padre Reginaldo Machado, o assunto praticamente não é mencionado entre os fiéis. "Cheguei aqui há pouco tempo e logo soube do litígio que envolve o território de Poranga, mas esse assunto não é mencionado ou discutido pela comunidade", pontua o pároco.
Plebiscito
Para o presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Almeida Pinho, o plebiscito definiria a situação e a população optaria pelo Estado do Ceará. "A população optará pelo Ceará porque percebe que as localidades que pertencem ao Município de Pedro II, no Piauí, ainda estão bem atrasadas. Muitas localidades não têm o mínimo de estrutura, como água e energia", cita.
Para o presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Almeida Pinho, o plebiscito definiria a situação e a população optaria pelo Estado do Ceará. "A população optará pelo Ceará porque percebe que as localidades que pertencem ao Município de Pedro II, no Piauí, ainda estão bem atrasadas. Muitas localidades não têm o mínimo de estrutura, como água e energia", cita.
Ele comenta que a área reclamada pelo Estado do Piauí é grande em território, mas desabitada e sem infraestrutura.
"Caso o Ceará perca, não será significativa em termos de habitantes", ressalta.
Ele informa ainda que a Câmara Municipal de Poranga estuda a realização de uma manifestação popular na divisa, em defesa da área cearense.
caderno Regional Diário do Nordeste