A cada segundo os partidos e políticos perdem cada vez mais credibilidade e prestígio. Não é necessário uma sondagem estatística. É quase consensual a sensação que eles têm uma imagem extremamente negativa. Diante desse quadro podemos lançar uma pergunta (propositalmente) provocativa: afinal, para que serve um partido hoje?
Dejair Soares |
------------------------------------------------
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar, seu pão e seu salário. E agora, não contentes, querem privatizar o conhecimento,
a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence"
Bertolt Brecht
------------------------------------------------
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar, seu pão e seu salário. E agora, não contentes, querem privatizar o conhecimento,
a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence"
Bertolt Brecht
------------------------------------------------
Desde já, um devido esclarecimento: sou militante de um partido e, como fica óbvio pela minha postura até aqui, nunca simpatizei com a demagógica simplista, cafajeste e entreguista que em que vive a grande maioria dessas agremiações.
Esses seres políticos se transformaram em criaturas sem escrúpulos. Os partidos, por suas vezes, se tornaram a fonte de todos esses males. A realidade, fria e objetiva, deveria ser outra, visto que os partidos são essenciais a qualquer democracia. Eles representam estruturas de entendimento e compromisso, sem as quais é impossível construir projetos políticos consistentes e com uma certa continuidade.
O fato é que não podemor permitir que as legendas se tornem meras estruturas imóveis, desligadas da sociedade que as rodeia. O que vemos hoje são conjuntos de militantes que só servem para colar panfletos durante o período eleitoral. Os partidos têm papéis importantes a desempenhar. Na minha opinião são pelo menos quatro.
1 - Assegurar a sintonia entre a agenda dos Poderes Públicos e a realidade vivida e sentida pelas pessoas. Os problemas cotidianos, que afetam a felicidade e a qualidade de vida dos cidadãos, precisam passar pela agenda política. Os partidos devem estar centrados na realidade e nas pessoas e não no jogo para a manutenção do poder.
2 - Gerar ideias e projetos políticos concretos. Perante novos desafios, é preciso definir princípios políticos e propostas de ação coerentes. Os partidos devem ser "laboratórios de ideias". Só assim poderão fomentar grandes debates internos, abertos e construtivos, a fim de encontrar soluções inovadoras e eficazes para os problemas que continuamente vamos encontrando com o decorrer da evolução da sociedade.
3 - Defender os compromissos assumidos, que ultimamente não têm sido cumpridos. Os partidos devem estar atentos a seu programa, fiscalizar e controlar a ação política de quem está no poder. Tanto no contexto nacional como local. Hoje os partidos de oposições vivem apenas da retórica devido a ausência de propostas diferenciadas.
4 - Atrair pessoas novas com competência para a política. É essencial para o sucesso e credibilidade dos partidos ter pessoas com qualificação profissional reconhecida, oriundas de meios diversos (empresariais, acadêmicos, sindicais, comunitário). E, principalmente, oferecer espaço para que elas possam colaborar e enriquecer os demais membros da legenda com suas ideias.
---------------------------------------
Já que em todas essas agremiações apenas uma meia dúzia manda,
não permitindo ao militante o direito de opiniar, poderiamos privatizar os partidos
---------------------------------------
Já que em todas essas agremiações apenas uma meia dúzia manda,
não permitindo ao militante o direito de opiniar, poderiamos privatizar os partidos
---------------------------------------
O curioso de todo esse processo é que todas essas decisões passam pela vontade apenas daqueles que controlam os diretórios nacionais, estaduais e municipais, como se eles fossem gestores de uma grande empresa cujos sócios não têm direito ao voto ou a opinião. Até aqueles se dizem mais democráticos costuma impor "goela abaixo" aos seus filiados as decisões, até mesmo quando elas contrariam a própria legenda. Sim, porque cada agremiação existe por um objetivo e uma filosofia.
Você é filiado a algum partido? Conhece bem os objetivos dele? Será que já foi chamado para opinar e entender todo esse processo que deveria envolver centenas de pessoas, mas está somente nas mãos de meia dúzia? Ou será que pensa ser melhor simplesmente melhor renunciar aos partidos, já que eles se transformaram num aglomerado de pessoas sem nenhum ideal?
Penso que, já que em todas essas agremiações apenas uma meia dúzia manda, não permitindo ao militante o direito de opiniar, poderiamos privatizar os partidos. Isso sim é necessário! Dejair Soares é publicitário e jornalista em Cuiabá - dejairsoares@terra.com.br
fonte: blog do Romilson