CRONICA
Não se pode subestimar a criatividade dos poderosos de plantão, quando o tema é manterem-se no poder a qualquer custo, sob o disfarce de que são democratas até debaixo d´água. Pois essa turma, composta na maioria por dirigentes e membros importantes dos grandes partidos, quer empurrar goela abaixo do país um novo sistema de votação, uma tal de “lista fechada”. Funcionaria mais ou menos assim: o eleitor perderia o direito de votar no seu candidato preferido. Votaria só no partido. E o partido, internamente, escolheria quem seriam os eleitos.
Tudo acertado internamente, tudo fechadinho, tudo produzido e apresentado como se fosse um avanço democrático, quando na verdade, na vida real, se retornaria ao tempo das capitanias hereditárias.
Com famílias poderosas e milionárias tomando conta dos partidos políticos, elegendo-se e aos seus durante o resto da vida. Não é possível que a gente de cale ante tamanho absurdo como esse. Mas o pior é que, no torpor em que estamos vivendo, descrentes de tudo, acabemos só sabendo da vilania quando ela estiver implementada.
O mesmo pode se dizer sobre o financiamento público das campanhas. Fala-se nele como se fosse acabar com a corrupção e com o caixa 2. Claro que isso não acontecerá, porque, afinal, estamos no Brasil, um país onde a classe política, no geral, virou as costas para o povo, para a ética, para o patriotismo. Nós todos bancaremos as campanhas e o caixa 2 continuará funcionando normalmente.
Portanto, para quem não quer entregar o país nas mesmas mãos – e geralmente as piores – por longas décadas, é bom deixar a leniência e começar a berrar. Não às listas fechadas de candidatos. Não ao financiamento público das campanhas. Está muito ruim como está, mas não devemos deixar piorar ainda mais.
Por: Sérgio Pires