Surgido na década de 1990, na esteira dos assentamentos promovidos pelo INCRA, o Distrito de Santo Antonio do Matupi, localizado a 180 km da cidade de Humaitá, na BR-230 (Transamazônica), vive momentos de grande expectativa, motivada pela real possibilidade de sua sonhada emancipação político-administrativa. Motivos não faltam.
Distrito de Santo Antonio do Matupi/Manicoré - Amazonas. |
Pujança econômica, enorme expectativa de crescimento e acima de tudo o espírito arrojado de seus habitantes, em sua grande maioria, imigrantes que vieram do centro-sul do país e ali implantaram uma filosofia de trabalho, que parece não conhecer cansaço, fadiga ou limites.
O Distrito de Santo Antonio do Matupi pertence geograficamente ao município de Manicoré, na Calha do Madeira, para o qual não existe ligação terrestre ou fluvial.
Esse aspecto torna o Distrito totalmente dependente de Humaitá, sobretudo, no atendimento à saúde, já que todos os pacientes dali são removidos a Humaitá, onde são atendidos e tratados, muitas das vezes, quando necessário, são removidos à cidade de Porto Velho, sem que o município de Manicoré, desembolse um único tostão. A conta vai para a prefeitura de Humaitá.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Humaitá indicam que de janeiro a julho de 2011, 589 pacientes do Matupi foram atendidos e tratados no hospital da cidade. Outros 25 foram removidos a Porto Velho, a uma distância de 200 quilômetros.
Para justificar a luta crescente pela emancipação, a Comissão de Emancipação apresenta dados econômicos animadores e altamente convincentes, o que indica a viabilidade econômica do Distrito auto sustentar-se.
Segundo dados da Secretaria da Fazenda do Amazonas (SEFAZ), o Matupi arrecadou sozinho em 2010, mais de R$ 1,4 milhão, o que lhe coloca entre os 10 municípios que mais arrecadaram no Amazonas. Esse montante, deu ao município de Manicoré a cifra de arrecadação de quase R$ 2,8 milhões de Reais. O município de Apuí, no mesmo ano, arrecadou pouco mais de R$ 1,8 milhão.
Toda essa pujança econômica está distribuída na força de trabalho dos cerca de 9.100 habitantes, segundo levantamento da FUNASA (25ª Região da BR-230), que monitora o Distrito, sobretudo, para combater a Malária, um mal temido, porém, controlado na região.
Outro dado que empolga os defensores da emancipação e é um claro indicativo do quanto a população é crescente, é o atual número de estudantes. Dados da Escola Municipal Dom Pedro II, indicam que em 2002 havia apenas 45 estudantes. Seis anos depois, em 2008, quando o Estado assumiu parte da responsabilidade da educação, esse número já era de 1.079 estudantes, uma variação de quase 2.300%. Hoje a Escola Estadual Santo Antonio do Matupi, é responsável pela educação de 806 alunos dos 5º e 6º. anos.
Em 2010, a Comissão de Estudos para a Criação de Municípios, da Assembléia Legislativa do Amazonas, esteve no Distrito. Na ocasião, representantes de Associações de produtores e moradores foram unânimes em afirmar aos deputados estaduais que a emancipação não tem volta.
Segundo o vice-presidente da Comissão pró-emancipação, Eduardo Gervásio, afirmou que “as estatísticas são claras em demonstrar que existe real viabilidade econômica, expansão geográfica e uma enorme vontade da população de se ver independente”.
Neste domingo (28), a Comissão pró-criação do município, reúne lideranças e moradores no Parque de Exposições Amadeus Vidal, a partir das 14 horas, onde decide algumas questões cruciais, inclusive, uma manifestação na BR-319, sentido Humaitá – Porto Velho, em local ainda não revelado. A idéia, segundo Eduardo Gervásio, é um bloqueio total na rodovia, impedindo a passagem de todo e qualquer veículo, exceto ambulâncias.
Vale lembrar que um bloqueio na BR-319, no trecho pretendido, representará um verdadeiro caos para vários municípios, como Humaitá, Apuí e Lábrea, que são abastecidos a partir de Porto Velho, de combustíveis, alimentos, medicamentos e demais gêneros. A BR-319 a partir de Porto Velho é a ligação do sul do Amazonas com o resto do país.