O constitucionalista prega diálogo para evitar
Governos reféns de partidos fisiológicos.
O constitucionalista Eduardo Carrion é crítico ao modelo do presidencialismo de coalizão. Ele observa que, para garantir governabilidade, chefes de Executivo fazem alianças amplas, atraindo partidos através da troca de espaços políticos. Para o acadêmico, o sistema é uma das principais causas dos casos de corrupção do País. “Um presidencialismo de coalizão, que, muitas vezes, é um eufemismo para justificar ou legitimar alianças sem princípios, para não dizer espúrias. Eu me perguntaria: até que ponto o presidencialismo de coalizão não é um presidencialismo de corrupção? Aí, não se trata exatamente de uma herança de um governo anterior, mas de uma herança histórica”.
Carrion prega que os governos abram diálogo com a sociedade e a oposição para evitar que se tornem reféns de partidos fisiológicos. O acadêmico ainda analisa o primeiro semestre das gestões de Dilma Rousseff (PT) na presidência da República. “O governo Dilma não só herda alguns ministros do governo Lula, mas a estrutura, o sistema político, uma maneira de fazer política, de acomodação. O que leva aos problemas de hoje”.
Eduardo Kroeff Machado Carrion, 63 anos, é natural de Porto Alegre. Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) em 1971, fez pós-graduação em Direito Constitucional na Universidade Paris I Pantheon-Sorbonne. Professor titular de Direito Constitucional da Ufrgs, dirigiu a faculdade no ano do centenário da instituição. Aposentado da universidade federal, hoje leciona na Fundação Escola Superior do Ministério Público. Paralelamente atua como pesquisador do CNPq na área de Direito Constitucional, consultor ad hoc de diversas agências de fomento à pesquisa e consultor jurídico. É autor de inúmeros artigos científicos e de uma dezena de livros, entre eles Apontamentos de Direito Constitucional (Livraria do Advogado, 1997).
Trechos da entrevista concedida ao Jornal do Comércio