Até agora, os nomes apresentados, com raras exceções, não atendem os requisitos necessários a um prefeito da Capital
A política brasileira é toda voltada para o Executivo. O Legislativo, equivocadamente, é relegado a segundo plano e muito distante na relação de importância no tripé do Poder, incluso o Judiciário. Em toda proximidade de eleição, quer nacional e estaduais, ou municipais, quase todas as atenções ficam voltadas para os candidatos aos cargos majoritários (inclusive de senador, apesar de este ser um legislador).
Os partidos políticos, com ou sem estrutura para a luta, na busca da conquista de espaços nos meios de comunicação, chegam inclusive a apresentar relação de nomes, muitos eleitoralmente inexpressivos e sem a qualificação necessária para administrar uma cidade com mais de 2,5 milhões de habitantes e um Orçamento anual superior a R$ 4 bilhões, prenhe de problemas pequenos e de grande magnitude em todos os campos, a começar pela educação, a saúde e, o mais grave de todos, a falta de planejamento para reduzir suas mazelas gerenciais e projetar as necessidades do futuro, em razão de um inevitável crescimento populacional e de carências dos serviços e de espaços para melhorar a mobilidade urbana, hoje sufocada.
As agremiações partidárias poderiam ter mais respeito à população de Fortaleza. As que reúnem condições de participar da disputa pela Prefeitura deveriam buscar, nos seus quadros, as pessoas mais qualificadas, com as condições necessárias para, enfrentando a pobre realidade de hoje, não apenas mudar esse quadro, mas perseguir a abertura de caminhos necessários à geração de melhorias de vida para a população de hoje e a futura.
O mesmo rigor na escolha do candidato majoritário todos os partidos devem adotar na seleção dos nomes para a disputa de vagas na Câmara Municipal. Vereadores que se façam respeitar, ajudando a administração sem subserviência, podem influir de modo significativo para o nascer de uma outra cidade. Aquela onde os serviços públicos devam ser prestados com mais eficiência, onde a gestão administrativa possa ser notada, não pela falta de limpeza de suas ruas, da precariedade do seu transporte coletivo, da má qualidade no atendimento dos postos de saúde e hospitais municipais e o ensino municipal deixando muito a desejar, mas pela satisfação, embora que não seja plena, de todos os serviços da competência municipal.
Os legisladores municipais precisam, sim, ser melhor escolhidos. São as agremiações partidárias, no sistema eleitoral brasileiro, as únicas com poder de apresentar candidatos. Fazer uma chapa para disputar vagas na Câmara só para ser participante da disputa, não apenas é um desserviço à cidade, como desrespeita o fortalezense, pois se eleitos eles nada farão além de ser apenas mais um ônus para o erário municipal.
Na última quinta-feira, os dirigentes do Centro Industrial do Ceará (CIC), comemorando 92 anos da instituição, lançaram o movimento denominado "Fortaleza: Uma Cidade em Projeto", para mobilizar representantes de várias instituições de ensino superior da Capital e outros segmentos da sociedade, visando discutir vários pontos da administração municipal, com vistas a poder influir nas discussões dos candidatos à Prefeitura de Fortaleza. A parte principal do projeto será desenvolvida nos meses de setembro e outubro. Em fevereiro do próximo ano, o CIC quer lançar um livro com a conclusão das discussões.
EDITOR DE POLÍTICA (DN)