Qual a diferença entre quadrilhas de assaltantes a banco e um aglomerado de espertalhões que se camuflam por trás de legendas partidárias para promoverem roubalheiras nos cofres públicos? Residiria a diferença apenas no fato de que estariam aqueles desprovidos de poder para praticarem seus assaltos?
Se existe algo que precisa ser repensado profundamente neste país, é a criação e existência de partidos políticos, com o estabelecimento de regras rígidas de punição ao partido quando qualquer de seus membros esteja envolvido em casos de corrupção. Na atual conjuntura, os partidos políticos não têm nenhuma responsabilidade por atos de corrupção que seus agentes venham praticar. Isso é um absurdo! O partido deveria ser punido com penas severas, inclusive com a imposição da pena extinção da agremiação partidária.
Um ente bastante antigo, idealizado desde o período grego e romano, o partido político é juridicamente definido como sendo uma organização de direito privado que tem sua origem na união voluntária de pessoas com afinidades ideológicas e políticas, organizada e com disciplina, visando a disputa do poder político. Que coisa linda essa definição.
É de encher os olhos de quem lê, e de deixar qualquer um encantado! Mas, voltando-se para a triste realidade do que vivenciamos diariamente no cenário da política brasileira, chegaremos a melancólica definição de que partido político é um conglomerado de pessoas desonestas, sem caráter e desprovidas de qualquer ideologia, que se abrigam por trás de uma sigla partidária para abocanharem o poder pelo poder, e promoverem todo tipo de bandalheira nas inúmeras formas de desvios do dinheiro público.
O Brasil carece de uma reforma política, mas uma reforma estruturalmente profunda e com a participação ativa dos diversos seguimentos da sociedade, e não essa reforma que aí está, onde tentam fazer um rearranjo dos interesses grupais daqueles que detém o poder. O que esperar de uma reforma política comandada por figurinhas carimbadas da política, como os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello? É evidente que não dará em nada!
E sendo que o processo de reforma política compreende, também, a reforma do processo eleitoral, do qual necessita de uma reformulação geral. Aliás, o processo eleitoral vigente no Brasil é uma piada. Está tudo errado! É preciso começar do zero. Tem que acabar com esse sistema de coligações entre partidos nas eleições, onde toda espécie de acordos espúrios são costurados, e onde a imoralidade corre solta nas legendas de aluguel.
Veja o escândalo que vem ocorrendo no Ministério dos Transportes do governo Dilma. Se não houvesse coligações, o PR não estaria no centro do poder promovendo toda aquela algazarra com os desvios de milhões de reais
Outra necessidade de reforma premente no processo eleitoral está na unificação das eleições. É preciso acabar com esse negócio de eleições de dois em dois anos. Onde já se viu um candidato é eleito deputado num pleito eleitoral e pouco mais de um ano quer abandonar o cargo para concorrer a outro. É preciso por fim nessa farra e dar um basta nos espertalhões de plantão.
O que ocorre verdadeiramente é que em se tratando de partido político, o Brasil padece numa crise moral aguda onde se vivencia corriqueiras tramas entre partidos coligados que atuam como gangues na dilapidação do patrimônio público. Até quando o Brasil suportará a atuação diuturna dessas corjas no centro do Poder?
Daniel Ferreira Barros
fonte: O Progresso