A lista fechada gera partidos melhores

Vamos deletar a malandragem, o banditismo e a esculhambação. O sistema de lista fechada é o melhor. Tem espírito coletivo. A agremiação é um time político ou conjunto de homens e mulheres compromissados com princípios ideológicos e políticos. Tem estatuto e programa político discutido e aceito pelos integrantes da legenda. É um sistema não individualista e não personalista. O partido é maior e mais respeitado de que qualquer alto ou altíssimo membro da agremiação. É o mais adotado no mundo moderno. Os países mais desenvolvidos, civilizados, adotam-no. São nações com indicadores sócio-econômicos de Primeiro Mundo, entre os quais o ex-Estados Unidos do Brasil quer se colocar e, por isso, temos quase duzentos milhões de almas, somos o 5° maior país do planeta em extensão territorial, estamos entre as 8 mais poderosas economia do globo, acreditamos em Jah antes, durante e depois, exatamente, somos fortes, bonitos, criativos, pobres e ricos por natureza. Temos, entretanto, pouco patriotismo e quase nenhuma vergonha. Somos campeões em corrupção e lanterna na indignação. Só o Brasil - o último a libertar escravos, ainda na idade média nessa questão - e a Finlândia, um sergipinho ecológico que se tornou República independente depois da Revolução Russa em 1917, com parlamento unicameral composto de 200 deputados, onde no verão o sol não se põe durante quase 10 semanas, "noites brancas", é que ainda mantém o caduco, arcaico, defasado, e desequilibrado sistema de lista aberta. Sistema manjado, produtor de partidos artificiais, cartoriais. Do tipo "a casa de Irene de noite e de dia tem gente que chega e tem gente que sai". Em outras palavras, uma agitada esculhambação. São, na realidade, agências de comércio político dominadas por dirigentes mercantilistas. A finalidade é, quase sempre, ter um guarda-chuva para obtenção de mandatos eletivos – Executivo e Legislativo -, cargos públicos, dentre outras oportunidades que despontam nas esferas públicas e privadas. O poder não cede. Quem está no poder geralmente quer ficar no poder. Principalmente quando falta a força popular da indignação e a omissão campeia. O Congresso brasileiro tem seu pequeno lado positivo, porém, real, radical e literalmente está fossilizado, apodrecido. É para ser sepultado ou cremado. E, depois, reciclado. Reerguido dentro do contexto renovador que vem ocorrendo em todos os setores da realidade da vida política, econômica, social e cultural. A fidelidade partidária com base na lista fechada é muito mais respeitada do que no sistema de listagem aberta. Os políticos que irão compor o elenco de candidatos da legenda devem ser selecionados, tomando-se por fundamento a história individual, política, militância, trabalhos realizados de cada pretendente a mandato eletivo. O que é fato internacionalmente comprovado é que o sistema de listagem fechada melhora e fortalece os partidos políticos. Por isso, esse sistema é o mais adotado nas democracias modernas do mundo civilizado. O partido é um conjunto matemático composto de elementos centrados nos pressupostos ideológicos e políticos. Tem o Norte. Tem um destino. Prima pela solidariedade entre seus membros. É uma equipe. É um clube de remadores. O que vale é a força coletiva organizada de cada grêmio político. Não contempla individualidade que queira ser maior do que o próprio partido. O partido como organização é maior do que os seus mais importantes integrantes. O sistema de voto em lista aberta é o queridíssimo da maioria parlamentar conservadora. Ela sabe e conhece como a palma das mãos todos os truques para eleger seus representantes, de vereador a deputado federal. Favorece muito amplamente todo tipo de corrupção. Inclusive, claro, a eleitoral. Esse sistema falhou completamente. Exauriu-se. É um morto que não foi sepultado ou cremado. É um dos piores já imaginados, uma vez que falhou na missão ao afastar a massa eleitoral dos seus representantes. É obscuro. A maior parte do eleitorado vota sem critérios. Estima-se que 70% dos brasileiros não se lembram em quem votaram para deputado federal na eleição de 2010. Mesmo assim, é o sistema ainda defendido por renomados articulistas políticos, estes, óbvio do claro, conectados aos políticos mais reacionários, conservadores e atrasados deste país. Só a força da indignação coletiva, popular, como quer o jornalista espanhol Juan Arias, correspondente do jornal "El Pais" no Brasil, poderá mudar este quadro. O que o eleitorado esclarecido quer é uma reforma política, partidária e eleitoral profunda e isso só acontecerá com uma Assembleia Nacional Constituinte. Fora disso, é colocar remendo em roupa velha. "A casa de Irene de noite e de dia tem gente que chega e tem gente que sai". Esta é a canção que contempla essencialmente o troca-troca partidário, fruto de uma legislação que permite doação mal-intencionada ou doação oculta, uma severa malandragem que bem evidencia o comportamento marginal da maioria dos partidos e de seus dirigentes. Wellington da Fonseca Ribeiro * Wellington da Fonseca Ribeiro (OAB-BA 5588) é jornalista e professor. Serventuário da Justiça da Capital concursado sub-judice no STF. Campoalegrense / Remansense – BA.